Lacan, diferentemente de Freud, distinguiu e articulou ensino e transmissão da psicanálise
cunhando as expressões: saber exposto e saber suposto. Apostou que não há psicanalista sem a
Escola que ele mesmo concebeu como um recomeço, uma nova experiência. Introduziu o princípio de
que o “psicanalista somente se autoriza de si mesmo”, cabendo à Escola garantir que um analista
dependa de sua formação. O analista, por sua vez, “deve ir além da garantia que a Escola lhe
outorga, responsabilizando-se – enquanto psicanalista dessa nova experiência – pelo progresso da
Escola” (Lacan, J. Proposition Du 9 octobre sur le psychanalyste de l’École, in: Autres Écrits,
aux Éditions du Seuil, 2001, pags. 243-260). Para Lacan toda análise é didática, pois a
transmissão de um saber suposto e singular sobre o inconsciente, conduz, sempre que a
experiência analítica é levada até o fim, à produção de um analista. Procuro lançar as bases
lógicas para que o aluno, desde a graduação, aprenda a distinguir e articular conceitualmente o
real impossível da ciência e o real-sintoma, da psicanálise. O ISEPOL é a conseqüência de que a
universidade não forma psicanalistas. A educação dos analistas nos exige um novo tipo de laço
social, fundado no discurso analítico. Por esta razão não somos uma Escola e sim um Instituto
que se orienta por meio da Escola Brasileira de Psicanálise.
Tania Coelho dos Santos