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O que a
descoberta freudiana nos ensina?
Em primeiro
lugar, ela nos ensina sobre o sintoma. E isto se deve ao fato de
que Freud[2] inaugura a
psicanálise pondo-se a escutar aqueles e aquelas que sofriam de
um sintoma, as histéricas em particular, dando-lhes a palavra. E
a partir daí, provou que os sintomas de que sofriam as
histéricas queriam dizer alguma coisa. Neste sentido, a
psicanálise veio anunciar que, em todo sintoma, existe uma
mensagem que deve ser decifrada.
Deciframos a
mensagem do sintoma e o que descobrimos?
Descobrimos
que o sentido da mensagem é um sentido sexual[3]. Esta descoberta
elucida, primeiramente, que a sexualidade não está apenas lá
onde acreditamos, no espaço do enlace amoroso, mas, de fato, a
tópica da sexualidade transborda a relação sexual, alojando-se
no mais íntimo do campo do sintoma. Em conseqüência, ele declara
que no sintoma se completa uma intenção de significação, sob as
formas de uma mensagem cifrada[4].
É o que quer dizer, o sintoma, sob a vertente da significação
sexual. Trata-se, portanto, da sexualidade que fala através do
sofrimento do sintoma. A conseqüência foi, então, - a
conseqüência desta descoberta freudiana, que segue o impulso da
intuição de Charcot que nos sintomas tratava-se de segredos de
alcova -, a conseqüência desta descoberta freudiana, é a de que
a sexualidade não é mais muda. Deram-lhe palavras. Então, ele
prova que ela fala. Ela diz coisas. Ela diz não somente através
dos sintomas, mas também nos lapsos, nos trocadilhos[5].
Ele prova desde então, que o que ela diz, responde não somente
na vertente do sofrimento do sintoma, mas também que ela se
exprime no registro do cômico. Se o cômico faz rir é porque a
sexualidade, certamente o falo, está em jogo.
Então, ela
fala, esta sexualidade, mas ela fala fora do contexto! Ela fala
lá onde não deveria falar. Quer dizer que ela fala para fazer
sofrer. Para fazer sofrer no corpo – no caso da histérica – para
fazer sofrer ao nível dos pensamentos - no caso do obsessivo.
Num segundo
tempo, Freud provou que os sintomas não somente querem dizer
alguma coisa, mas que nos sintomas efetua-se uma satisfação. Lá
onde faz mal, lá onde sofremos, lá onde padecemos, é lá onde nos
satisfazemos. É por isto que é tão difícil se desfazer do
sofrimento do sintoma, que assegura ao sujeito uma satisfação
escondida. Uma satisfação de que? Uma satisfação de uma
exigência, da exigência pulsional. No fundo, trata-se de uma
satisfação erótica, deslocada, camuflada, assegurando um
compromisso entre o universal do ideal e a reivindicação de
gozo. Em relação a isto, teremos que considerar os escrúpulos[6] do obsessivo, isto
é, enquanto ele se mostra consciencioso, homem cumpridor dos
seus deveres, como a expressão por trás da capa da consciência,
da culpabilidade, de uma satisfação pulsional mascarada, tal
como o sadismo anal. Podemos também considerar, por exemplo, o
sintoma da conversão histérica, lá onde um órgão incomoda, para
perceber, graças à análise, que este órgão, se ele desequilibra
a homeostase do corpo na mulher, é porque ele está erotizado,
visto que ele fala uma língua que não é aquela que corresponde à
sua função enquanto órgão. Por exemplo, o que um intestino está
fazendo quando ele começa a entrar em ereção e a se fazer mal?
Não é próprio à sua função entrar em ereção e se fazer mal! Quem
ele pensa que é? Então, ele se toma por um falo. Vejam só!
Porque ele fala, tomando a si próprio como o lugar da
significação fálica, ele não desempenha convenientemente a sua
função de intestino, produzindo um sintoma. Mas, para decifrar
essas mensagens, será preciso, certamente, seguir uma
experiência analítica para trazer à luz a satisfação pulsional
cifrada no sintoma.
Ora, se a
psicanálise veio colocar o dedo sobre o fato de que a
sexualidade transborda o espaço da relação sexual, ela também
nos ensina que a sexualidade transborda o tempo da relação
genital, a partir do momento que ela colocou a céu aberto à
sexualidade na criança. Isso nos parece, hoje em dia,
auto-evidente, mas não foi assim no tempo inaugural de Freud.
Desde então, ninguém coloca em dúvida que existe uma sexualidade
infantil e que existe um gozo sexual na criança. Quer dizer, que
existe na criança satisfações, emoções, na verdade, um erotismo
ligado a zonas erógenas do corpo; e na criança, está provado que
este erotismo e estas satisfações correlativas acontecem,
efetivamente da relação do seu corpo ao corpo do outro.
Portanto,
destes dois pontos, deduz-se - destes dois pontos que acabo de
mencionar diante de vocês muito rapidamente: que existe uma
satisfação sexual que se realiza no sintoma e que existe uma
satisfação sexual que se realiza desde a infância –
disto, se deduz que existe gozo sexual fora e além da relação
sexual propriamente dita. E existe um gozo sexual porque existem
corpos sexuados. Se não existissem corpos não haveria gozo. A
condição do gozo é a de habitar um corpo vivo. Para gozar é
preciso um corpo. Para gozar é preciso ter um corpo. Quer dizer
que existem corpos e estes corpos são corpos sexuados. É o
essencial da descoberta freudiana.
Então, a tese
de Lacan[7] a este respeito,
como foi colocado em evidência por Jacques-Alain Miller, é a
seguinte: ter um corpo não é um fato biológico. Ter um corpo é
uma conseqüência do fato que habitamos na linguagem. Disto se
deduz que o corpo será, por um lado, identificado como sendo o
corpo próprio e, por outro, ele será identificado como sendo
sexuado, quer dizer alinhado do lado masculino, ou do lado
feminino. Se o corpo pode ser diferenciado como sendo Um e se
este Um se inscreve no registro do ter é porque nós fomos
falados. Quer dizer que se não tivéssemos sido mergulhados em um
banho de linguagem, não haveria nenhuma garantia de que
chegaríamos a ter um corpo, de tal modo que pudéssemos
identificá-lo como corpo próprio.
Certas
manifestações clínicas que surgem ao longo da infância permitem
aos clínicos constatar uma série de fenômenos que testemunham
que certas crianças não possuem um corpo. Essas manifestações
são muito variadas, mas podemos citar como exemplo o caso da
criança que não se identifica como sendo um menino ou uma
menina, ou então, as crianças que passam em frente ao espelho
sem se reconhecerem, ou então, crianças que podem atravessar o
espaço sem diferenciar, neste espaço, a sua unidade corporal e a
dos outros, ou então, crianças que não dispõem em seu
vocabulário do termo “eu”, nem o “mim” para se designar e que
não possuem o recurso da identidade lexical para designar o
outro como sendo o seu semelhante. Estas manifestações clínicas
testemunham uma relação impossível com o corpo próprio em termos
“de ter um corpo” e caracterizam os casos de psicose na criança.
O tipo de desordem da qual eles padecem é relacionada com o modo
pelo qual eles foram acolhidos pela linguagem, que não lhes
permitiu se diferenciarem enquanto corpo.
O que prova
que, para os seres falantes, não é a biologia que decide o seu
destino. É, sobretudo, a ordem simbólica, a ordem da linguagem.
É por isto que o corpo é uma entidade, uma unidade, que se
recorta graças à linguagem; e, ao mesmo tempo, esse corpo, é
atravessado pelas palavras, pelas falas da língua materna,
aquela que nos acolheu ao nascer. É a língua com a qual nós
fomos falados e com a qual disseram um monte de coisas sobre
nós, antes de nascermos, um monte de coisas... Ora, se de fato
houve um discurso que também nos precedeu, a cada um de nós,
houve também um desejo que nos precedeu, no sentido de temos
sido desejados ou não. Na ordem das conseqüências, é bem
diferente ter sido acolhido como sendo a encarnação de um
desejo, ou como sendo um acidente, mais ou menos embaraçoso. De
acordo com essas considerações, bem antes do corpo chegar ao
mundo enquanto vivo, ele foi marcado pelas incidentes do desejo,
do qual ele foi a resultante. Deste fato, não são anódinos, para
cada sujeito, nem os dizeres que o precederam e cavaram o lugar
onde ele iria alojar-se, onde ele seria acolhido, nem os ditos
que celebraram, ou não, a sua chegada e tomaram a força de um
oráculo.
Em
conseqüência, o percurso dos ditos e do dizer atravessou o corpo
como a água do rio, deixando em sua passagem restos, fragmentos,
pedaços de coisas entendidas, coisas ditas que marcaram o corpo
de uma forma ou de outra, deixando marcas. Marcas de amor,
marcas de acolhimento, marcas de desejo ou marcas de rejeição.
A língua deixa
marcas e, por causa disto, nos afeta, produzindo efeitos sobre o
corpo do sujeito falante. Esta é uma proposição que devemos ao
ensino de Lacan. Ora, esses efeitos, que são afetos, essas
marcas, cristalizarão como sintomas, a título de marcas de gozo.
É o
moterialism da linguagem (segundo a expressão de Lacan que
combina mot/palavras e materialismo), que nos captura ao nascer
e, até mesmo, desde antes. É preciso dizer que a linguagem se
apropria do corpo do vivente e que ela introduz, desta forma,
uma operação que não é sem conseqüências sobre o seu gozo. Quer
dizer que a linguagem vai separar, neste vivente, a carne e o
corpo. Assim, a carne marcada pela linguagem, se torna corpo[8].
Esta operação
da linguagem não é outra coisa senão a operação da castração,
que comporta, para todo vivente, uma perda de gozo, de seu gozo
de vivente. Assim, é a linguagem que transfere o que é do
registro da necessidade para o registro da demanda e do desejo[9]. Depois
disso, comer, não será nunca mais comer. Comer, será também
pedir amor. O objeto que comemos não é totalmente aquele que
satisfaz a necessidade, mas, melhor dizendo, é aquele que é
demandado como signo de amor do outro. Quer dizer que nenhum
objeto será, nunca mais, um objeto de pura necessidade. A
linguagem transforma o objeto da necessidade em objeto
aparelhado, habitado pelo semblante, proveniente do simbólico,
na medida em que esse objeto terá o valor não somente de um
objeto de satisfação da necessidade, mas de um objeto que é
sinal, tanto do amor da mãe, quanto do seu desejo.
Podemos
escrever a operação de perda de gozo introduzida pela linguagem
no vivente, a partir de um matema produzido por Jacques Alain
Miller:
Neste matema,
uma barra separa o registro de gozo,- que se escreve por meio da
letra J barrado - e o registro da linguagem, que se escreve
sobre a barra, desde Lacan, como o lugar do Outro, com O
maiúsculo. Como conseqüência, o Outro introduz no gozo, uma
perda que representamos através da barra, que golpeia o gozo e,
deste golpe, resulta uma perda de gozo, é o que escrevi como um
pequeno menos (-) entre parênteses, um menos de gozo.
Este menos de
gozo, caracteriza para os seres falantes, uma falta em gozar.
Mas, de quem é a culpa desta perda de gozo? Acreditávamos que
era a culpa do pai. Durante muito tempo acreditamos que era o
pai quem interditava o gozo. Lacan retifica este mito do pai que
interdita, adiantando que o pai é tão interditado quanto nós.
Visto que o pai, no fundo, é apenas uma conseqüência da
linguagem. Nestas condições, é a linguagem, ela mesma, que
retalha o gozo e nos separa de um gozo dito “originário”, o qual
está perdido para sempre. Desta consideração deduz-se que o
objeto está perdido para sempre, e é a sua perda que orientará a
busca do objeto do desejo.
Desde então, o
que emoldura a nossa realidade será orientado pelo princípio da
busca do que foi perdido. Mas, se o objeto não fosse um objeto
perdido, ele não existiria como objeto do desejo. É preciso
primeiro perdê-lo para em seguida desejá-lo, é a lição que
recebemos de Freud. O que podemos recuperar, a partir do momento
em que experimentamos esta operação que introduz o efeito de
perda ao nível do gozo? O que recuperamos é uma conseqüência da
perda em termos de um pequeno a mais, de um mais-de-gozar,
segundo o modo em que Lacan define o objeto que, em Freud,
caracterizava a satisfação pulsional. Este objeto declina-se no
registro oral, no registro anal, no registro do olhar e da voz,
este objeto que está correlacionado a uma zona erógena do corpo,
e que na lógica lacaniana se escreve “objeto pequeno a”,
que vem a preencher o vazio causado pela perda:
Logo, esta
perda de gozo, o que é então? É o que em psicanálise recebe o
nome de “castração”, caracterizada a partir de Lacan como sendo
uma perda de gozo introduzida pela linguagem no vivente. Esta
perda se inscreve no lugar do “menos” enquanto menos phi.
Pela via da
conseqüência, o corpo enquanto tal se inscreve na seqüência das
conseqüências da operação da castração. Um corpo separado do
gozo do vivente, a partir do momento que foi mortificado pelos
incidentes do simbólico, torna-se o lugar da inscrição do traço
de identificação, graças ao qual o corpo conta como Um, recebe
um nome e um sexo. O que quer dizer que a identidade sexual
identificatória do corpo não advém de forma alguma da anatomia.
Nada impede que um corpo de homem possa tomar-se por um corpo de
mulher, e vice-versa. O que quer dizer que a identidade sexual
do corpo advém do registro simbólico, e não do anatômico, e nem
do biológico.
Nesse caso, o
gozo, o que é? É uma satisfação. É uma satisfação que não
requer, necessariamente, o bem-estar. Porque a satisfação que
inclui o bem-estar, de fato, é aquela que se inscreve ao nível
do princípio do prazer. Freud deduziu, a partir da experiência
analítica, que existe uma satisfação que se dá além do princípio
do prazer[10]. Quer dizer, que
existe uma satisfação naquilo que faz mal, com o próprio mal.
Esta satisfação, além do prazer, esta satisfação que pode ser
dolorosa, é aquela que reconhecemos a partir de Lacan, sob o
termo de gozo, aquele que combina os dois registros, o do prazer
e o do seu além.
Entretanto, no
registro do gozo, podemos identificar gozos múltiplos. Contudo,
cada um com a sua própria lógica. Primeiro, podemos distinguir o
gozo do corpo, aquele que é permitido ao corpo, pelo único fato
de “que um corpo, isto goza”, segundo a expressão de Lacan.
Dispor apenas dele, carregá-lo, tratá-lo como um móvel,
submetê-lo a constrangimentos, não necessariamente agradáveis;
empanturrá-lo, privá-lo, extenuá-lo, cansá-lo, ou então, -
enfeitá-lo, amá-lo, desprezá-lo, detestá-lo, - em suma, todas as
paixões que testemunham que passamos o tempo a gozar dele.
E, aliás,
também tem o gozo da palavra. Falamos, e isto dá uma satisfação.
Dizem: “faz bem falar”. Bom, nem sempre, não necessariamente.
Será que quando falamos, nos comunicamos? Nada mais incerto? O
que domina ao nível da palavra é o mal-entendido. Mas, quando
falamos, gozamos.Isto é certo. A tese de Lacan acerca disto,
avançada particularmente por ocasião de seu último ensino, é a
de que a palavra não serve para se comunicar, ela serve para
gozar, “lá onde se fala, goza-se”[11]. E é por isto, que
não nos comunicamos muito, porque na palavra realiza-se também
alguma coisa da ordem de um autismo da palavra. Cada um fala,
para ouvir-se melhor. Escutar o que o outro quer dizer, depende
de uma disciplina, é um resultado, o qual alcançamos graças a
uma experiência analítica.
Em seguida,
tem o gozo sexual. Em que consiste o gozo sexual? É uma coisa
muito complicada. Como é possível que existam dois corpos que
fiquem juntos, para gozar um do outro? A idéia de Lacan é de que
um corpo não goza de um outro corpo. Primeiro, gozamos do
próprio corpo e, para satisfazer aos fins sexuais, um corpo pode
gozar de uma parte do corpo do outro. Não da totalidade do outro
corpo. A menos que o coloquemos em pedaços. O que nem sempre é o
caso, felizmente! Gozamos de uma parte do corpo do outro, mas
parece que a parte da qual gozamos também goza[12]. No momento do
enlace sexual, dois corpos que estão reunidos, não podem nunca
se tornar um só. É o mito de Aristófanes[13].
É impossível que dois corpos sexuados tornem-se um só corpo. No
entanto, o amor aspira fazer Um de dois, recobrindo, através
desta aspiração, o impossível em jogo[14].
A partir de
então, tocamos assim, aquilo que se mostra impossível ao nível
do sexual. Além de que, existe uma diferença de natureza entre
os gozos sexuados, visto que os homens e as mulheres não gozam
da mesma forma. O que nos leva a introduzir o que Lacan
especifica em termos da lógica da sexuação.
Quer dizer,
existem os homens e existem as mulheres – é graças a isso que o
mundo pode continuar a se reproduzir – mas, desde que existem os
homens e de que existem as mulheres, nada não dá certo entre
eles. No entanto, continua. Logo, aí tem alguma coisa.
Então,
retomemos as coisas e digamos que existem posições subjetivas
que se distinguem enquanto posição subjetiva masculina e posição
subjetiva feminina, e cada uma destas posições distintas se
associa a uma lógica sexual diferente e oposta[15]. Entretanto, essas
posições subjetivas, masculina e feminina, são uma conseqüência,
um resultado do que acontece no momento da infância para cada
sujeito. Quer dizer que cada criança deve caminhar ao longo da
infância, cada criança deve fazer uma boa parte do caminho para
concluir uma identificação sexual. Esse pedaço de caminho
consiste em um percurso que compreende uma série de etapas, de
tempos lógicos. Os tempos lógicos, quer dizer, tempos onde é
necessário percorrer o instante para ver, o tempo para
compreender, para alcançar o momento de concluir[16]
sobre uma posição sexuada. Esse percurso recebeu em Freud o nome
de complexo de Édipo, e cada criança que teria a oportunidade de
realizar essa travessia, que não é acessível a todos, se
posiciona enquanto sujeito em relação ao pai e à mãe. A relação
ao pai e à mãe é tomada aqui em termos de uma relação ao desejo
deles enquanto homem e mulher, o que não se pode deixar de levar
em conta, o que está em jogo de suas posições de gozo e, de suas
posições enquanto amantes. Em relação a esses termos em jogo, a
criança vai concluir sobre uma identificação masculina ou
feminina. Chegando ao fim desta pontuação, a criança terá feito
uma escolha referida à sua sexuação. Esta escolha comporta,
necessariamente, uma tomada de posição que consiste em optar por
um dos dois termos de um binário: homem e mulher. Ora, esta
escolha exclusiva, repousa sobre uma dessimetria dos termos em
relação à função que determina a distinção dos dois lugares.
Qual é a
função em questão? É aquela que foi elaborada por Freud sob o
nome de complexo de castração. Segundo Freud[17], a eficácia do
complexo de castração encontra o seu ponto de partida na criança
no momento de uma experiência de percepção, cuja eficácia se
mede pela tomada de consciência da diferença anatômica dos
sexos. No momento desta experiência, a criança subjetiva a
diferença, que consiste em que existem corpos providos de um
atributo, e outros corpos que, em contrapartida, são desprovidos
deste atributo.
Efetivamente,
seguindo Lacan podemos dizer que é a linguagem que introduz a
possibilidade de ter acesso a esta distinção diferencial, a qual
seria impossível fora dessas coordenadas. Desta forma a
linguagem opera esta distinção simbólica a partir dos atributos
imaginários, relativos à forma do corpo. Em conseqüência,
segundo Freud, isto se torna uma ocupação crucial para as
criancinhas, a classificação entre aqueles que têm e aqueles que
não têm. A ponto de poder causar nelas, um medo terrível, num
certo momento da infância, o fato de constatar que alguns não
têm. Particularmente, nos menininhos pois, na medida em que
existem aqueles que não têm, é possível que neles também
aconteça alguma coisa, segundo Freud. Portanto, esse traço da
falta, a inscrição da falta, não poderia operar sobre o
imaginário do corpo se não dispuséssemos do simbólico, da falta
enquanto tal.
A falta,
categoria fundamental introduzida pelo simbólico no real, é uma
falta que conta. A inscrição do que falta, do que falta em seu
lugar, é um momento de elevada elaboração simbólica, a qual é
determinante para o posicionamento da criança com respeito a uma
posição sexual. Lembro-me de uma pequena anedota. Uma menininha,
que tinha dois anos e meio, foi com sua mãe visitar um bebê
recém nascido. Ela estava encantada de ver um bebezinho, um
menininho. Ao longo da visita, a mãe do menininho trocou as
fraldas do bebê e a menininha, que até o momento não tinha dado
sinais de interesse em relação à diferença dos sexos, olhando o
corpo nu do bebê ficou perplexa, apontando imediatamente a
situação, e disse: “Ah! Sim, mas eu, tenho dentes”. Foi
surpreendente, visto que, era perceptível que ela tinha acusado
recepção, que havia inscrito a diferença sexual, que havia
subjetivado a falta, e em seguida, tinha reagido, se
precipitando em concluir, inscrevendo o lugar da falta ao
deslocá-la para o lado do bebezinho, que não tinha dentes.
Mas, se existe
a falta de harmonia entre homens e mulheres, não é somente
devido ao fato da diferença sexual enquanto diferença anatômica
inscrita ao nível simbólico. Esta falta de harmonia advém de
alguma coisa de muito mais real. Vou antecipar aqui um conceito
que, de toda forma, necessita algumas precauções para ser bem
recebido. Eu digo-lhes, primeiramente, que os seres falantes,
distinguem-se em homens e mulheres. Os seres falantes são seres
que só sustentam o seu ser através da linguagem e são
determinados por um saber que eles desconhecem e que advém do
inconsciente.
Ao nível do
inconsciente, como se inscreve a sexualidade? Uma das primeiras
abordagens sobre a descoberta freudiana foi a de colocar em
evidência que o inconsciente fala de sexo, a partir do momento
em que ele se certificou de que existe um sentido sexual no
inconsciente. Porém Lacan, dando um passo a mais, passo que ele
conserva do que lhe ensinou a experiência analítica, acrescenta
em conseqüência, que o sentido sexual não é a última palavra do
inconsciente.
No fundo, se
existe um sentido sexual no inconsciente é porque o inconsciente
consiste em um saber-fazer com lalíngua. E o que a língua
sabe fazer, nos escapa de longe, segundo Lacan. Em
contrapartida, se nos submetemos a uma análise, poderemos chegar
a saber um pouco, mas nunca tudo. Então, no inconsciente, é
claro, existe um saber articulado, o qual seria, segundo Lacan[18], da ordem de uma elucubração de saber sobre
lalíngua.
De fato, este
saber que assegura um saber sobre o inconsciente pode, de toda
forma, dizer coisas sexuais. Sim, na medida em que sonhamos. E
sonhamos porque falamos. Sonhamos porque estamos na linguagem. E
então, o sentido sexual do inconsciente faz parte do sonho. Ora,
o inconsciente, que se diverte ao fazer trocadilhos, jogos de
palavras, através das formações que ele nos destina, tal como os
sonhos, os lapsos, os Witz, o inconsciente
que é verdadeiramente cômico, o inconsciente que, quando o
deciframos, demonstra não ser patético, pois ele é, melhor
dizendo, engraçado! Ora, o inconsciente, que pode cifrar tudo
que quer, que pode cifrar os sintomas, os sonhos e uma série de
formações do inconsciente, mas, tem alguma coisa que não
consegue cifrar, que ele nunca conseguirá nos dar a cifra: a
verdade verdadeira da relação entre o homem e a mulher.
Se neste inconsciente há um saber - e saber à beça -, no
inconsciente não existe saber sobre a relação entre os sexos. É
por isto que somos bobos, sexualmente falando. Não sabemos como
fazer, falhamos, sofremos ainda mais, padecemos, babamos, porque
no inconsciente, não existe uma escrita sobre a relação sexual.
O que se traduz, na lógica de Lacan, por impossível, enquanto
cifra da relação sexual que não cessa de não se escrever. Esse
real caracteriza o impasse da escrita no sexual, pelo fato de
não existir relação sexual. Quer dizer não existe saber inscrito
no inconsciente, sobre as relações entre os sexos, que possa
corresponder a um saber-fazer instintual.
Como
conseqüência, é nessa relação impossível que repousa o impasse
maior da sexualidade nos seres falantes. Deduz-se, então, que
somos todos doentes deste impossível. Também, por causa deste
impossível aí, fazemos como podemos. Quer dizer, como fazemos? E
o que fazemos? Bom, nos encontramos. Existem encontros sexuados
entre os seres falantes, o que quer dizer que, ante o
impossível, ele se impõe a eles no sentido de se sujeitarem ao
regime da contingência. Entre os seres sexuados, entre os corpos
sexuados, existem encontros sexuados. Não necessariamente entre
os corpos sexuados de diferentes sexos, também existem encontros
sexuados entre corpos do mesmo sexo. Mas, isto não quer dizer
que, porque eles são do mesmo sexo, que exista uma relação
sexual. O impossível estrutural se inscreve nos dois casos
representados, para o encontro heterossexual, assim como, para o
encontro homossexual.
Conseqüentemente, segundo Lacan, se o inconsciente fala de sexo,
se os sonhos falam de sexo, se os sintomas falam de sexo, se os
lapsos falam de sexo, no fundo, eles falam e falam de sexo para
suprir a hiância do impossível da relação sexual. Dito isto, ele
reconhece que o sentido sexual é o que vem no lugar do
sem-sentido do sexo enquanto real, pelo fato da impossível
escrita da relação que não existe.
Os encontros,
contingentes, a partir do momento que prolongam suas raízes no
impossível, confirmam não serem encontros que se realizam no
registro da comunicação, mas, antes, no registro do
mal-entendido, porque na maior parte do tempo é feito de
encontros entre mal-entendentes. Isto se deve ao fato de que os
encontros são encontros de dois que não se escutam falar,
segundo a expressão de Lacan. Os dois que se encontram, quanto
mais eles falarem, mais eles irão aprofundar o mal-entendido,
por causa, especialmente do mal-entendido dos gozos-sentidos (jouis-sens),
que eles dissociam.
Então, podemos
nos perguntar: o que vem a ser um parceiro sexual[19]? Um parceiro sexual
é o que encontramos a partir de uma contingência, mas a
experiência analítica nos ensina que um encontro comporta um
despertar do que já tínhamos sonhado. Isto quer dizer que o
encontro com o parceiro sexuado é um encontro onde o acaso joga
uma partida com cartas marcadas. Se o acaso conjuga a
necessidade sob a vertente da repetição, isto deriva, segundo
Freud, do fato de que para cada sujeito a escolha do objeto
faz-se muito precocemente.
Porque um
homem encontra aquela tal mulher?[20] Por acaso? Mas ele
não encontra qualquer uma, ele encontrará, diz Lacan, apenas
aquela que tenha consonância com o seu inconsciente e com a sua
pulsão. Por esta razão, acrescenta Lacan, um homem não pode
encontrar-se com todas as mulheres.
Então, é assim
a vida amorosa! Quer dizer que para o homem é preciso que a
mulher possua uma pequena coisa, um detalhe que a
fetichize, em função do que ela se torne um objeto que condense
para ele uma condição de amor, que é condição de desejo e
condição de gozo. Em conseqüência, do lado masculino, é enquanto
fetiche que o parceiro feminino é tomado como objeto de gozo,
como objeto pequeno a, mais-de-gozar. A partir do momento
em que o homem goza, acontecem palavras de amor. Não é a palavra
de amor que o faz gozar ou desejar. Ele se basta com o seu
próprio gozo, diz Lacan. Um homem goza de uma mulher a título de
fetiche e, através dela, ele goza do seu inconsciente. A este
título, uma mulher pode ser para um homem, o seu sintoma.
Em
contrapartida, para uma mulher, o gozo não acontece de forma
alguma sem palavras de amor. É uma condição de gozo para ela.
Então, o amor como condição - a título de palavra de amor - é
dominante nela. Para que o amor como condição seja dominante
para ela é preciso que algo lhe seja dado a partir do que não se
tem, o que supõe a castração daquele que a ama. Uma mulher não
pode desejar um objeto fetiche porque o fetiche não fala. Para
ela, é importante que o objeto lhe fale. E que a deixe falar. É
por este motivo que o amor do lado feminino, coordena a questão
da sexualidade fundamentalmente do lado da falta e
fundamentalmente do lado do grande Outro barrado, que é o Outro
do amor. Nessas condições, o gozo dela se inscreve do lado do
ilimitado, o que comporta o sem limite da demanda de amor e o
sem limite do sofrimento de amor. Assim, para ela, um homem pode
ser uma devastação[21].
A experiência
de uma análise permite circunscrever a causa do impasse na
sexualidade, tomando a forma seja da insuficiência, seja da
inibição ou da angústia. Logo, qualquer que seja a manifestação
sintomática que se impõe ao nível sexual, ela prova, no fundo,
ser comandada secretamente pela impossibilidade que vem do real.
Mesmo que o
real exista, isto é o impossível, não quer dizer que a
psicanálise nos orienta em direção à aceitação resignada disto
que padecemos a título de sintoma, de angústia e de inibição. A
experiência de uma análise é eficaz nos três registros, na
medida em que ela permite denominar a angústia, se desfazer da
inibição, aliviar-se do sintoma, do sofrimento do sintoma, a
partir do momento em que ela decifra a cifra do sintoma.
Entretanto, a experiência analítica não importa jamais em
atravessar o impossível da relação sexual[22]. A psicanálise não
tem condições de oferecer uma fórmula da relação sexual que não
existe. Mas, ao decifrar os impasses próprios e singulares de
cada um, ela abre a via para circunscrever o impossível
estrutural e sair do gozo do impasse referido à sexualidade.
Chegando neste ponto, a experiência analítica abre para o
sujeito a via do possível, aquela que consiste na possibilidade
de inventar, para cada sujeito, soluções novas, face aos
impasses da sexualidade.
Ora, inventar
soluções novas, não quer dizer inventar novas perversões. A
invenção, na direção da qual a psicanálise abre, advém da
descoberta, do novo, do lado do amor, e não do lado da
perversão.
Abrir em
direção ao campo da descoberta do lado do amor, não comporta
tampouco como solução, ultrapassar a escolha de objeto feita no
momento da infância, e sim ter acesso a um saber-fazer, de outro
modo, com isto. Fazer de outra forma, quer dizer, se enredar
menos com o real do jogo. É por causa do impossível que somos
todos enredados com o real do sexual. No fundo, a invenção da
psicanálise é uma invenção que permite a saída da enfermidade na
qual estamos, mesmo quando acreditamos que não estamos sozinhos
porque somos um casal.
Os seres
falantes padecem do gozo do Um, até mesmo no autismo do gozo,
que lhes serve como defesa face ao impossível do gozo do Outro.
A psicanálise oferece a possibilidade de ser menos aprisionado
ao gozo do Um e admitir o não-gozo do Outro, que não existe, mas
o gozo Outro. O gozo Outro é o gozo feminino. Mesmo para a
mulher, não é evidente aceitar esse gozo Outro. Quer dizer que,
para uma mulher, assumir sua posição de mulher, seu gozo
feminino, pode necessitar previamente a realização de um longo
percurso afim de que ela possa se aceitar como sendo Outra para
ela mesma.
E para um
homem, aceitar este gozo Outro, que se caracteriza por não ser
todo fálico, implica não se sentir ameaçado por este gozo que
não se inscreve todo no Um fálico, não fazer deste gozo a causa
da sua angústia, e não fazer deste gozo Outro o caroço de seu
ódio. Efetivamente, o que cessa de não se escrever para um homem
que seguiu até o final uma experiência analítica, a título de
possível, depende da admissão do que seja da ordem do amor.
Nesse caso, eles testemunham no passe que puderam associar o seu
gozo sexual à palavra de amor e à carta de amor, não estando
mais petrificados, em relação a este fato, pelo gozo que se
aloja entre parênteses no fantasma.
Então, nesses
casos, podemos dizer que uma análise pode fazer com que os
homens saiam um pouco de suas posições de machos, machos no
sentido em que Lacan definiu o macho, como sendo aquele que está
no registro do perverso polimorfo.
Portanto, acho
que não é uma má idéia fazer com que os homens avancem do lado
do amor!
Tradução:
Kátia
Moskal Danemberg.
Revisão
técnica:
Tania Coelho dos Santos e
Rosa Guedes Lopes
Referências bibliográficas
[1]
Conferência em Montreal, no dia 27 de abril de 2001.
[2]
Freud, S. et Breuer, J.
(1893-95) “Estudos sobre a histeria”. In:
Freud, S.
Obras completas. RJ: Imago, 1980, Vol. II.
Freud, S.
(1893-99) “Primeiras publicações psicanalíticas”. In: Op.
Cit. Vol. III.
______.
(1900) “A interpretação de sonhos”. In: Op. Cit. Vol.
IV e V. (N.R.T.)
[3]
Há inúmeros exemplos desta tese na obra de Freud. Escolhemos
dois: um citado em “A interpretação de sonhos” e outro
extraído do famoso “Caso Dora”.
“Os
detalhes mais repulsivos e também os mais íntimos da vida
sexual podem ser pensados e sonhados em alusões
aparentemente inocentes a atividades culinárias; e os
sintomas da histeria jamais poderiam ser interpretados se
nos esquecêssemos de que o simbolismo sexual pode encontrar
seu melhor esconderijo por trás do que é corriqueiro e
inconspícuo. Há um sentido sexual válido por trás da
intolerância da criança neurótica ao sangue ou à carne crua
ou de suas náuseas ante a visão de ovos ou macarrão, e por
trás do enorme exagero, nos neuróticos, do natural horror
humano às cobras. Sempre que as neuroses se valem de
disfarces, estão percorrendo trilhas por onde passou toda a
humanidade nas épocas mais remotas da civilização — trilhas
de cuja continuada existência em nossos dias, sob o mais
diáfano dos véus, encontram-se provas nos usos lingüísticos,
nas superstições e nos costumes”. (Freud,
(1900) In: Op.
Cit.
Vol. V, cap. VI, parte D).
“Logo
surgiu uma oportunidade de atribuir à tosse nervosa de Dora
uma interpretação desse tipo, mediante uma situação sexual
fantasiada. Quando ela insistiu mais uma vez em que a Sra.
K. só amava seu pai porque ele era “ein vermögender Mann”
[“um homem de posses”], certos pormenores da maneira como se
expressou (que omito aqui, como a maioria dos aspectos
puramente técnicos da análise) levaram-me a notar que por
trás dessa frase se ocultava seu oposto, ou seja, que o seu
pai era “ein unvermögender Mann” [“um homem sem
recursos”]. Isso só poderia ser entendido num sentido sexual
— que seu pai, como homem, era sem recursos, era impotente.
[...]”.
(Freud,
(1905 [1901]) “Fragmento de uma análise de um caso de
histeria”
In:
Op.
Cit.
Vol.
VII,
parte I). (N.R.T.)
[4]
“[...]
O
marido lhe contou que Elise L., e seu noivo tinham querido
ir também, mas só haviam conseguido lugares ruins — três por
um florim e 50 kreuzers — e, naturalmente, não puderam
aceitá-los. Ela pensou que realmente não lhes teria causado
nenhum prejuízo fazê-lo”.
“O que nos
interessa aqui é a fonte dos números no material dos
pensamentos oníricos e as transformações que sofreram. De
onde proviria a cifra de 1 florim e 50 kreuzers? Provinha do
que, na realidade, fora um acontecimento irrelevante da
véspera. Sua cunhada fora presenteada pelo marido com 150
florins e se apressara a livrar-se deles comprando
uma jóia. Convém notar que 150 florins são cem vezes
mais que 1 florim e 50 kreuzers. A única ligação com os
“três”, que era o número de entradas de teatro, estava em
que sua amiga que acabara de ficar noiva era precisamente
três meses mais moça que ela. A situação do sonho era a
repetição de um pequeno incidente a propósito do qual seu
marido freqüentemente fazia troça dela.
[...]”. (Freud,
(1901) “Sobre os sonhos”.
In: Op. Cit. Vol.
V).
(N.R.T.)
[5]
Os trabalhos de Freud intitulados “A psicopatologia da vida
cotidiana” (1901) e “Os chistes e sua relação com o
inconsciente” (1905) são dois grandes exemplos. In: Op.
Cit., vol VI e VIII, respectivamente. (N.R.T.)
[6]
“É
fácil perceber onde se encontram as semelhanças entre
cerimoniais neuróticos e atos sagrados do ritual religioso:
nos escrúpulos de consciência que a negligência dos mesmos
acarreta, na completa exclusão de todos os outros atos
(revelada na proibição de interrupções) e na extrema
consciência com que são executados em todas as minúcias.
[...] (Freud.
(1907) “Atos
obsessivos e práticas religiosas”. In:
Op. Cit.,
vol IX). (N.R.T.)
[7]
Lacan, J.
(1955-56). O Seminário, livro 3: as
psicoses. RJ: JZE, 1988, 366p.
[8]
“Se queremos situar o corpo na simples estrutura de
substituição, podemos fazê-lo dizendo que há a carne de gozo
e o corpo, carne que goza significantizada em contraposição
à carne que goza”.
Miller, J.-A.
(1988) “Sobre a clínica psicanalítica”. In:
Miller, J.-A.
(1997). Lacan
elucidado. RJ: JZE, p. 311.
(N.R.T.)
[9]
Id. (1993) “Demanda e desejo”. In:
Miller, J.-A.
(1997).
Lacan elucidado.
RJ: JZE,
p. 439-456.
(N.R.T.)
[10]
Freud, (1920)
“Além do princípio do prazer”. In:
Op. Cit.,
Vol. XVIII.
(N.R.T.)
[11]
Lacan, J.
(1972-73). O Seminário, livro 20: mais, ainda.
RJ: JZE,
1982, cap. IX.
(N.R.T.)
[12]
Id.
(1972-73).
Op. Cit., p. 35.
(N.R.T.)
[13]
Platão.
Le banquet. Paris: Garnier Flammarion, p. 48.
[14]
Lacan, J.
(1972-73). Op. Cit., p. 64-65. (N.R.T.)
[15]
Id.
Ibid., cap. VII. (N.R.T.)
[16]
Lacan formalizou os tempos de ver, compreender e concluir em
um texto intitulado “O tempo lógico e a asserção de certeza
antecipada” (1945).
In: Lacan, J.
(1998) Escritos. RJ: JZE, p. 197-213. (N.R.T.)
[17]
Freud, S.
(1923) A organização genital infantil (Uma interpolação na
teoria da sexualidade). In: Op. Cit., vol. XIX.
(N.R.T.)
[18]
Lacan, J.
(1972-73). Op. Cit., cap. XI.
(N.R.T.)
[19]
A teoria do parceiro foi introduzida por Jacques-Alain
Milller em seu esforço por estabelecer o último ensino de
Lacan. Miller, J.-A.
“A teoria do parceiro”, in: Jimenez, S. M. (org.) Os
circuitos do desejo na vida e na análise. RJ: Editora
Contracapa, 2001, p. 153-207. (N.R.T.)
[20]
Sobre o tema da escolha de parceiros na partilha dos sexos,
ver a teorização proposta por Miller
(1997-98)
em “Uma partilha sexual“. In: Clique, n.2. Rev. dos
Institutos Brasileiros de Psicanálise do Campo Freudiano.
MG: Instituto de Saúde Mental de Minas Gerais, agosto, 2003,
p.12-29.
(N.R.T.)
[21]
“Je me suis permis de dire que le sinthome,
c’est très précisément le sexe auquel ne n’appartiens pas,
c’est-à-dire une femme. Si une femme est un sinthome pour
tout homme, el est tout à fait clair qu’il y a besoin de
trouver un autre nom ojr ce qu’il en est de l’homme pour une
femme, puisque le sinthome se caractérise justement de le
non-équivalence”.
“On peut dire que Lacan’homme est pour une femme tout ce qui
vous plaira, à savoir une affliction pire qu’un sinthome.
Vous pouvez bien l’articuler comme il vous convienne. C’est
um ravage même. [...]” (Lacan,
J. (1975-76). Le Seminaire, livre 23: Le sinthome.
Paris: Seuil, 2005, p. 101). (N.R.T.)
[22]
A impossibilidade da relação entre os sexos é uma das
principais teses do Seminário 20, de Lacan. (N.R.T.)
|