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“A única vantagem que um psicanalista tem o direito de tirar de sua
posição é a de se lembrar com Freud que em sua matéria o artista
sempre o precede, portanto, ele não tem que bancar o psicólogo
quando o artista lhe desbrava o caminho” (Lacan,
1965/2003, p. 200).
Em seu curso
A natureza dos semblantes, Miller (1991) nos diz que a
incompletude do ser feminino, em Freud, é tomada em Lacan como
uma inconsistência que designa uma estrutura lógica positiva — o
espaço não-todo — um conjunto aberto definido pela
impossibilidade de circunscrever uma totalidade. Miller faz,
assim, uma distinção entre a lógica edipiana freudiana
condicionada pelo regime do Um-todo, que se funda com o pai como
exceção e a lógica lacaniana da inexistência do Outro e do
não-todo generalizado.
Neste texto
pretendemos identificar em O Arrebatamento de Lol V. Stein
de Marguerite Duras (1964) a lógica feminina do não-todo
e, quase um século antes, em Anna Karenina de Tolstoï
(1875), o mesmo arrebatamento mas regido pela lógica edipiana
freudiana.
Do Um-Todo
ao não-todo
A fórmula
«para todo sujeito funciona a função fálica, ou, todo homem está
submetido à castração» indica que é pela função fálica que o
homem como todo se inscreve, exceto que essa função encontra seu
limite na existência de um ponto fora, através do qual a função
é negada.
A lógica
masculina é a lógica da totalização, que se constitui pela
exceção como termo que a nega integralmente. Ou seja, para se
fazer o todo, sejam quais forem os elementos, é necessário
sempre um a mais, que esteja fora.
Do lado
feminino, o modo de se submeter à lei do falo, à castração, não
é postulando a universalidade da lei, pois como não-toda
ela pode se colocar do lado do falo ou não. Na fórmula «não há
nenhuma mulher que não esteja submetida à castração» não há
exceção: nenhuma mulher está fora da castração, não existe a
figura fundadora de um conjunto de mulheres, logo, não há «nem
uma» que não esteja submetida à castração.
Não existe,
portanto, a condição necessária para que se estabeleça o
universal. O todo não se constitui, logo, a mulher é não-toda
submetida à castração. As fórmulas do lado feminino indicam que
a mulher não se inscreve da mesma maneira que o homem, mas ao
mesmo tempo, não prescinde da lei do falo. Ela não está fora,
mas também, não está inteiramente submetida à lei simbólica.
O falo e a
identificação fálica designam um regime da libido, simbolizada,
limitada. Na lógica do não-todo, o que está em questão
não é a falta. O não-todo não indica o que descompleta o
Outro, mas a série ilimitada que não é universalizável, nem
incompleta, nem fluida. O gozo feminino infinito, dito
não-todo, designa algo mais frouxo que fluido, um ata e
desata, que nunca se deixa amarrar inteiramente.
Nessa lógica,
o falo não é mais o mediador entre os sexos, introduzindo neste
espaço uma relação ao infinito específica para cada sexo. Não é
a função fálica que faz a diferença entre os dois sexos, mas a
posição pela qual cada sujeito se declara submetido a ela.
Em seu curso
A natureza dos semblantes, Miller (1991) nos diz que em
Freud, o furo, a perda e a castração só são pensáveis no regime
do Um em oposição ao Outro, como o Um unificante que faz um todo
de todos, ou seja, a relação entre a falta e aquilo que a
tampona está condicionada na lógica edipiana freudiana pelo do
regime do Um-Todo.
A época de
Freud corresponderia ao reino do Nome-do-Pai, cuja estrutura
está esboçada em Totem e tabu, a universalização que se
funda com o pai como exceção. A época lacaniana da psicanálise é
a época da inexistência do Outro, do não-todo
generalizado, onde o Nome-do-Pai é pulverizado, e a
subjetividade passa a ser caracterizada pela fuga do sentido,
pelo paradoxo da fusão dos gozos, pela segregação e isolamento.
A estrutura
que responde ao Outro que não existe não se inscreve na
universalização. É o não-todo generalizado: não no
sentido do para todos, mas por toda parte, para todos os lados,
não há universal, não se pode formar o espaço fechado do «para
todo x» (Miller,1996-1997).
Para Miller, o fundamento do gozo no individualismo moderno tem
essa estrutura do «não-todo por toda parte».
A mulher
escrita:
Para cingir o
não-todo no Arrebatamento de Lol V. Stein (Duras,
1964), tomamos uma outra experiência literária, distante
quase um século da primeira: Anna Karenina (Tolstoï,1875).
Enquanto em
Anna Karenina há uma extensa narrativa, com dados
biográficos precisos e detalhes do cotidiano, o texto de Lol é
duro, enxuto, feito de informações esparsas, que só constituem
uma vida com muito esforço do leitor.
A história de
Lol não será contada, mas inventada pelo narrador Jacques Hold,
a partir de rumores que não se distinguem de algumas informações
esparsas da única testemunha da cena do baile, Tatiana[1],
amante de Hold e amiga de adolescência de Lol. Sua primeira
descoberta foi que "nada saber de Lol era já conhecê-la". Ele
não acredita em nada do que ouve: "Eu não acredito em nada do
que diz Tatiana, não estou convencido de nada".
Apesar de se
tornar amante de Lol também, o fascínio de Hold e seu interesse
por ela, Lol, não é o de um amante: ele diz que vai em seu
encalço para tentar apreendê-la, para compreendê-la, mas na
verdade, ele oferece-lhe sua subjetividade, colocando-se a
serviço da fantasia dela, para que Lol dela se sirva, para se
reinventar:
Eu [Hold] amo
acreditar como eu amo, que se Lol é silenciosa na vida é porque
ela acreditou, no espaço de um raio, que esta palavra poderia
existir. Na falta de sua existência, ela se cala. Essa teria
sido uma palavra-ausente, uma palavra-buraco, furado em seu
centro com um buraco, desse buraco onde todas as outras palavras
teriam sido enterradas. (Duras,
1964, p.48)
Ela, doce mas
indiferente, nunca parecia sofrer, afligir-se ou derramar uma
lágrima. Quando alguém no colégio tentava apreendê-la, ela
escorria por entre os dedos das mãos, como água. Em um instante
estava longe de todos, imersa não em sonhos adolescentes, mas,
segundo sua amiga Tatiana, no nada. Conheceu nas férias
escolares, aos 19 anos, Michael Richardson, o noivo que será
raptado no baile. Ela não tinha existência antes do baile, mas
depois ela torna-se um deserto, «no qual uma faculdade nômade
a havia lançado na busca interminável de que? Não se sabia. Ela
não respondia» (Duras,1964,
p.24).
S. Tahla, a
cidade onde nasceu Lol, não está no mapa; enquanto a Moscou de
Tolstoï está situada no mapa, e, naquela época, bem situada, na
Rússia antes da revolução, da cortina de ferro, da construção do
muro e de sua queda, antes da «paixão do real»[2]
do século XX. Século XIX, século dos projetos e ideais utópicos
ou científicos, dos planos para o futuro.
A escrita do
romance vai absorver Tolstoï de 1873 a 1877. Sua questão é a
mesma de Freud, gira em torno da mulher: “o que ela deseja?”.
Esse enigma é formulado pelo escritor ao procurar as motivações
da infidelidade de uma mulher, o que o deixa, inicialmente,
oscilante entre as posições femininas tradicionais: diabólica ou
santa? Depois, o espaço entre-duas transforma-se, e as posições
antagonistas da personagem separam-se em duas mulheres.
Em uma
primeira versão, com apenas três personagens, a heroína Tatiana
é uma mulher diabólica, infiel e vulgar, que chocaria a
sociedade por sua conduta indecente, seus decotes, exageros e
falta de pudor.
No entanto,
com o desenrolar da escrita, Tatiana — quase uma ninfomaníaca,
para quem ele utilizara as palavras «diabólica», «demônio» —
transforma-se em Anna Karenina, uma jovem infiel, mas ao mesmo
tempo, equilibrada, culta, dotada de uma finura toda feminina;
tendo como único índice de um equilíbrio instável «uma animação
contida», «um transbordamento de alguma coisa» no olhar, que se
esforça para «atenuar o fogo». Ocorrem, portanto, alguns
movimentos de transformação durante o trabalho de escrita de
Tolstoï: a divisão torna-se separação; a adúltera vulgar
torna-se uma heroína trágica; e esta de arrebatadora passa a
arrebatada.
O
arrebatamento
O Baile: há na cena do baile, nos dois textos, um
duplo arrebatamento, o rapto dele, e o aniquilamento dela. Ele é
raptado por uma mulher madura, vestida de preto, cheia de
mistério, brilho e sedução, que chega subitamente. Eles dançam e
se colam arrebatados. A jovem solta de seu noivo; cai no
arrebatamento, completamente aniquilada. Lacan resume assim:
«A cena é o arrebatamento de dois numa dança que os solda, sob o
olhar de uma terceira, com todo o baile, sofrendo aí o rapto de
seu noivo por aquela que só precisou aparecer subitamente»
(Lacan, 1965/2003: 199).
A chegada
súbita da Mulher:
«Por
que via misteriosa [Anne-Marie Stratter] tinha vindo
ao que se apresentava como um pessimismo alegre, brilhante,
uma sorridente indolência da leveza de uma nuance, de uma
cinza? Uma audácia penetrada dela mesma parecia ser a única
coisa que a mantinha em pé».
«Nada
poderia acontecer a essa mulher, pensa Tatiana, mais nada,
nada. Só o seu fim, pensava ela». (Duras,
p.16) |
«[Kitty]
via o esplendor trêmulo que brilhava nos olhos da jovem
mulher
[Anna Karenina],
o sorriso de felicidade e de beatitude que desabrochava
sobre os lábios e a graça particular, plena de seriedade e
de elegância dos movimentos.
Por que
tudo isso se pergunta
[Kitty],
para
todos ou para um só?
[Kitty]
Observava
Anna e seu coração se fechava mais e mais». (Tolstoï,
p.114). |
O brilho do
vestido preto, que veste e reveste uma, deixa a outra despida do
envoltório que a fazia ser, e quando desinvestida mostra o
brilho da nudez: «O vestido é suporte, tecido, mas o corpo
que o porta aspira o sujeito e troca seu estatuto» (Laurent,
2000:19):
«...
[Anne-Marie Stratter] com um vestido preto com duplo
forro de tule, igualmente preto, muito decotado. Ela se
queria assim feita e vestida, e ela estava como queria,
irrevogavelmente.
A ossatura admirável de seu corpo e de seu rosto se adivinhava»
(Duras, p.16). |
«Kitty compreende que o charme de Anna consistia precisamente em
manter-se sempre independente de sua toalete, que os
adereços não contavam para ela,e que o vestido preto com a
rica renda só a enquadrava, mas só se via ela, simples,
natural, elegante, ainda que alegre e plena de animação» (Tolstoï,
p .112).
«[Anna
Karenina] estava arrebatadora (ravissante) em seu vestido
preto, muito decotado, [...] tudo nela era
charmoso; mas havia qualquer coisa de terrível e cruel neste
charme» (Id.,
p.116). |
O olhar: o arrebatamento de dois
numa dança que os solda (nas palavras de Lacan), sob o olhar de
Lol, uma terceira.
O termo
ravissement já foi exaustivamente comentado pelos
psicanalistas depois do artigo de Lacan, chegando quase a
estatuto de conceito quando em 2001 houve no Instituto do Campo
Freudiano em Paris uma «Journée du ravissement». A
tradução do termo em português para «arrebatamento» também já
foi consagrada pela tradução de Outros Escritos (Lacan,
1965/2003:198).
Durante o
curso de Miller «Les us du laps» (1999-2000, p.397),
Laurent animado pelo comentário de Miller sobre «O Tempo
lógico e a asserção da certeza antecipada» (Lacan,
1998), descreveu os três tempos no romance de Duras,
relacionando a estrutura do romance com a estrutura do sofisma
descrito por Lacan, onde ele nos apresenta uma breve pesquisa
sobre o termo «ravissement»:
“[...] no
recente e notável "Dictionnaire historique de la langue
française", podemos ler que ravissement, introduzido no fim do
século XII, «exprimia até a época clássica o fato de tirar a
força, hoje realizado pela palavra «rapto» (da mesma família) e
correntemente, por enlèvement (retirada/remoção). No vocabulário
místico, a palavra designa uma forma de êxtase na qual a alma se
sente tomada por Deus como por uma força superior à qual ela não
pode resistir. Ela se difundiu no uso comum com o sentido fraco
de «estado de uma pessoa transportada de admiração, de alegria»
(1553). A própria evolução do sentido da palavra conserva o
trajeto que descreve Lacan «evoca-se a alma, é a beleza que
opera”.
“[...]
Ele [Lacan] fará do arrebatamento da alma, da psique, não um
símbolo mas uma operação lógica, subjetiva e temporal que
permite situar as relações do sujeito com o corpo”. (Laurent,
p.17)[3].
«A noite avançando, parecia que as chances que
[Lol]
teria de sofrer estavam rarefeitas, que o sofrimento não
tinha encontrado nela onde se introduzir, ela havia
esquecido a velha álgebra das penas de amor».
(Duras, p.19)
Lol, sem dúvida, não tinha se dado conta de seu fim junto
com o dia».
(Duras, p.20)
«Este instante preciso de seu fim, quando chega a aurora
com uma brutalidade inaudível e a separa do par que formavam
Michael Richardson e Anne-Marie Stratter, para sempre,
sempre».
(Id., p.46)
«Só naquele instante ela compreendeu que um fim se
desenhava mas confusamente, sem distinguir ainda nitidamente
qual seria. A tela da mãe entre eles e ela era o sinal de um
presságio».
«Lol os seguia com os olhos através dos jardins e quando
não os viu mais caiu por terra, desmaiada».
(Id., p.22) |
«Kitty, em sua perturbação, via tudo como através de um
nevoeiro: o baile, os convidados, tudo era confuso para ela,
e era preciso todo o poder de sua educação para sustentá-la
e forçá-la a agir como convinha, isto é, dançar, responder
às perguntas, falar, mesmo sorrir.
Mas antes de começar a dança [...] a jovem
[Kitty]
foi tomada de um desespero. ... Ela queria ter dito à sua
mãe que estava sofrendo e voltar para casa, mas ela não
tinha coragem. Ela se sentia aniquilada.
Ela se dirigiu para o fundo do pequeno salão e se deixou
cair numa cadeira.
(Tolstoï, p.115) |
Todos os
sentidos de "arrebatar" estão presentes na cena: arrancar,
raptar, encantar, extasiar, enfurecer, conquistar. Arrebatamento
pode ser o efeito da presença daquela que faz A Mulher, para os
olhos de outra que acredita que só ela não é ou não tem.
Arrebatamento é também quando a nãotoda perde seus
enlaces e, sem nó, perde o sentido, seu norte. Arrebatamento é
quando a mulher perde o amor de um homem, e este era o único nó
que a enlaçava.
A
fantasia e a inexistência do Outro:
Em Tolstoï, a
cena do baile descortina a dinâmica de uma fantasia em sua
função de tela que deixa desejar. Depois do baile, Kitty se
apaixona por outro homem, e reencontra, no mesmo lugar, tudo o
que a realizava: o amor, a família, a vida comum. Anna Karenina
refugia-se numa vida incomum, deixando prevalecer a paixão;
passa de arrebatadora a arrebatada; e, ao final, dá fim ao
insuportável, realizando em ato o atropelamento que sofreu pela
paixão trágica, irrealizável nesse mundo.
Apesar dos
destinos diferentes das duas mulheres, e do fim trágico de
Karenina, a extensa narrativa de Tolstoi, ao dar existência ao
Outro, torna-se apropriada para fazer contraponto ao
Arrebatamento de Lol V. Stein, porque quando existe o Outro,
há um universo onde o amor faz sentido, mesmo para a
infelicidade. Em Duras, o Outro não existe, não há universo nem
sentido, Lol está solta no in-mundo. Viver não é narrável, em
nenhuma época, mas na escrita de cada uma, o tratamento dado ao
impossível é diferente. Na escrita contemporânea, parece que a
prevalência do real, na amarração entre os registros, deixa mais
exposto o inarrável do viver.
Passado o
baile, depois de algumas semanas, Lol “parece” voltar a fazer
outros laços: casa-se, tem filhos e uma rotina estável, uma vida
comum. No entanto, ao contrário do que ocorre em Anna
Karenina, são apenas gestos, sua alma estava
irrevogavelmente perdida: "Só sobra daquele minuto seu tempo
puro, de uma brancura de osso" (Duras,
1964, p. 47), que se repete ainda e sempre.
É novamente de
sua amiga, essa pequena outra, ao lado de seu amante, que ela se
serve, agora para se revestir com a fantasia.
Depois de
perambular por anos, encontra a cena, através da qual ela se
realiza só. Com a arrebatadora Anne Stratter — "A" mulher, a
«Outra» realizada —, ela se aniquilou; com Tatiana — a «outra»
—, ela recompõe sua fantasia, realiza-se. Fora da cena, deitada
num campo de centeio, ela olha, emoldurados pela janela, Tatiana
nua com seu amante, envolta apenas nos cabelos, que, por serem
pretos, vestiam bem a fantasia de Lol. Ela não está do lado de
dentro da janela, recusando-se a ver o tempo passar; ela está
fora, a vida passa, e se realiza na fantasia emoldurada pela
janela. Lol «é realizada porque torna-se a mancha no
espetáculo. Ela não é o voyeur, ela é a mancha». (Laurent,
2000, p.21) Neste caso, não é a dinâmica da fantasia, mas sua
estática, que a deixa petrificada na cena, e precariamente a
sustenta.
A "punção" (à)
entre o sujeito ($) e o objeto a, na fórmula da fantasia
($àa),
indica a função de uma borda que circunscreve um vazio; é a
moldura da fantasia que limita e ordena a realidade, uma
realidade preponderantemente visual. A moldura da realidade é o
que a constitui como tal; é o que na realidade, sendo visual,
não se vê; é um limite que opera mediante subtração do objeto
a, e que organiza o campo do que vemos.
A fantasia
vela a subtração do objeto a, o que por estrutura não
pode ser visto; e, por outro lado, é tela, superfície que
suporta o que se projeta sobre ela, sem a qual o desejo é vivido
como o abismo da angústia. A dinâmica da fantasia é o cálculo,
estratégia que deixa desejar e, de forma despercebida, determina
o sujeito. Lol não se realiza com a fantasia, nem a realiza, só,
ela é realizada pela fantasia. Para construí-la, busca em ato,
com a ajuda de Hold, cuidadosamente, cada um dos personagens e a
moldura para enquadrar a cena, que reinveste seu desejo.
Ela não
encontra classificação nas estruturas tradicionais; ela é
exemplar da clínica atual, porque nela a função da fantasia não
passa despercebida, não funciona em sua dinâmica, mas como
estática a fantasia é cena em ato, que, precariamente, a
sustenta, petrificada Lol (stain) é mancha, e desaparece no
espetáculo.
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Notas
[1]
Coincidentemente, Tatiana é também o nome de Anna Karenina,
na primeira versão de Tolstoï.
[2]Termo
de Badiou,
em Le Siècle (2005), e
para designar a presença
do real no século XX.
[3]
Em português, encontramos o mesmo sentido para
"arrebatamento": tirar com violência ou força; arrancar.
Levar, desprender, de um ímpeto: raptar. Impelir, conduzir.
Encantar, enlevar, extasiar. Levar à ira, à cólera; irar,
enfurecer, encolerizar. Conquistar, ganhar. Tirar por força
ou violência; arrancar. Apossar-se por força ou violência;
roubar. Provocar, suscitar; arrancar. Extasiar-se,
maravilhar-se, entusiasmar-se. Enfurecer-se, irar-se,
encolerizar-se. Transportar-se em êxtase místico, religioso,
etc. (Dicionário
Aurélio, 2000).
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