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Laboratório de Ensino


ESTRUTURALISMO E CIÊNCIA MODERNA

Maria Cristina da Cunha Antunes 
 

O estruturalismo é uma figura da ciência moderna, galileana. Esta é uma ciência literalizada, ou seja, que promove a matematização do seu objeto. Trata-se, fundamentalmente, segundo Milner (1996, p.76), de uma operação de dessubstancialização do seu objeto. O objeto da ciência moderna é desprovido de qualidades, sejam elas práticas (bom, mau, útil etc.) ou sensíveis (rápido, pesado, quente). Assim, a física não diz nada sobre o calor ou o frio; mas, sim, sobre o movimento das moléculas, dos quais alguns são associáveis à propriedade calor .

A dessubstancialização do objeto é consoante à sua matematização. A proposta da ciência, a partir do procedimento experimental que lhe é característico, não é compreender, mas explicar. Explicar – baseado na experimentação – é descobrir as constantes da natureza e traduzí-las numa fórmula matemática.

Acompanhando Milner (1996), podemos dizer que o estruturalismo representa uma ampliação do projeto da ciência moderna, impondo-lhe uma dupla modificação. Em primeiro lugar, opera-se uma alteração no que se refere aos objetos empíricos: o estruturalismo dedica-se a objetos humanos. A outra alteração diz respeito à matematização do objeto: trata-se, não de medida, mas de literalização, de uma dissolução não quantitativa do qualitativo (MILNER, 1996, p. 75). O estruturalismo, portanto, consoante o projeto da ciência moderna, comparece como “um método de redução das qualidades sensíveis” (MILNER, 1996, p. 75).

O método estruturalista recorta um objeto estrutural: a estrutura. Este objeto define-se por estar inteiramente adstrito ao campo da linguagem. Do ponto de vista de Miller (1994) e de Milner (1996), para o estruturalismo desenvolvido por Saussure, Jakobson e Lévi-Strauss, estrutura e linguagem são sinônimos. Milner comenta que “...tudo o que é estruturado é, portanto, necessariamente estruturado como uma linguagem”, na medida em que “...uma linguagem nada possui além das propriedades de estrutura que são, necessariamente, mínimas” (1996, p.85).

Definir estrutura como linguagem implica num segundo passo: partir da posição de que todos os objetos no mundo humano são objetos de sentido, ou seja, constituídos a partir da linguagem. A posição estruturalista sustenta-se na admissão de que, inicialmente, está a linguagem. Para Milner (1996), esta hipótese inverte a ordem geralmente aceita entre as propriedades e as relações: supõe-se, de início, um existente, propriedades que lhe são atribuídas e, só depois, podemos estabelecer relações (de diferença ou de semelhança) com outros existentes. O procedimento estruturalista é outro: “a relação de diferença é dada primeiramente e é ela que autoriza as propriedades” (MILNER,1996, p.81). Nesse sentido, de acordo com Miller (1994), o estruturalismo é um anti-substancialismo, na medida em que se opõe à noção de substância, ou seja, à noção de seres com propriedades intrínsecas, independentemente das relações de estrutura. Trata-se, ele enfatiza, de tomar “...o que aparece como uma realidade concreta, positiva e considerá-la como composta, reduzida a oposições sem substância” (MILLER, 1994, p.81).

Bibliografia

MILLER, Jacques-Alain. Matemas II. 4a. ed., Buenos Aires, Manantial ed., 1994.

MILNER, Jean-Claude. A obra clara.. Rio de Janeiro, Jorge Zahar ed., 1996.

 

 

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