A dimensão ética da diferença sexual1
The ethic dimension of sexual difference


Jamille Mascarenhas Lima
Psicóloga / UFBA
Mestre em teoria psicanalítica pelo Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica / UFRJ
jamilleml@yahoo.com.br

Resumo:

Ao descobrir a prevalência fálica na sexualidade infantil, Freud dá um passo ético. A evidência da dessimetria entre os sexos, no que diz respeito ao complexo de Édipo e a castração, aponta para a impossibilidade da relação sexual. Na ausência das ferramentas da lingüística, das quais Lacan se utilizou para dar conta dessa diferença, Freud se detém na relação imaginária entre ter ou não ter o pênis. Lacan retoma a análise do falo a partir da articulação significante, e, posteriormente, examina a castração pela vertente da angústia. Nessa perspectiva, o falo é alçado à condição de significante da falta e se presentifica na relação entre os sexos a partir da sua negativização, ou seja, como (-φ). Essa mudança de perspectiva conduz Lacan a diferenciar o modo masculino e feminino de se posicionar na partilha sexual.

Palavras-chave: psicanálise, ética, diferença sexual, falo, sexuação.

 

Abstract:

By assuming that childhood sexuality contains the particularity of phallic prevalence, Freud gives an ethical position faces the dissymmetry existing between male and female. This work investigates the ethical dimension of sexual difference, considering that the absence pointed by the phallus functions as a substitute for the sexual relation that doesn’t exists. In absence of the linguistic tools used by Lacan to think this difference, Freud finds itself tied in the imaginary relation of having or having not the penis. Lacan retakes the phallus analysis from the significant articulation; and, later, examines the castration by the anguish side. In this perspective, the phallus gets the condition of significant absence and accomplishes itself in the relation among sexes by turning it negative, in other words, as (-φ).

Keywords: psychoanalysis, ethics, sexual difference, phallus, sexuation.

 

A análise da dimensão ética da diferença sexual tem como ponto de partida a descoberta freudiana do papel central do falo na sexualidade. Ao postular que a sexualidade infantil comporta a particularidade da prevalência fálica, na qual a diferença entre os sexos se inscreve em termos simbólicos, Freud se depara com a dessimetria entre o modo masculino e o feminino de inscrição na lógica da sexuação.

Para Freud (1925), frente à percepção da diferença anatômica entre os sexos, o que a criança privilegia é a operação simbólica da presença-ausência do falo, e não a existência de dois sexos. Trata-se, aqui, da incidência psíquica da diferença anatômica entre os sexos.

Freud abordará a diferença entre os sexos através da relação do complexo de Édipo com a castração, demonstrando que, desde a origem, estaria em jogo uma dessimetria fundamental entre o homem e a mulher. Essa dessimetria caracteriza-se pela relação paradoxal que cada sexo estabelece com o falo, e se divide em dois tempos: no primeiro, haveria a identificação com a posição sexuada através da incidência do complexo de castração, ou seja, o primeiro tempo estaria relacionado com a sexualidade infantil; já o segundo teria como pivô o encontro com o outro2 sexo, característico da sexualidade adulta.

O encontro com o outro sexo demonstra que a diferença sexual tem uma incidência ética precisamente por não promover um ideal de simetria e complementaridade. Assim, ao estabelecer a sexualidade como essencialmente dessimétrica, Freud funda uma clínica em que o sexual tem uma prevalência fálica e aponta para a impossibilidade da relação sexual.

Lacan (1959-60) assinala que o passo decisivo dado por Freud foi perceber que entre o homem e a mulher não haveria uma complementaridade possível. Assim, a radicalidade da psicanálise reside justamente em apontar que, se há uma ética psicanalítica, ela se baseia na diferença e na não conformação ao ideal.

Ao analisar a constituição da relação do sujeito com o falo, Freud privilegiará os efeitos da descoberta da castração feminina e suas incidências na assunção de uma identificação sexual. A consideração da castração feminina torna-se, então, peça-chave para a compreensão da sexuação: no menino, ela eleva a ameaça de castração ao estatuto de ponto-chave da resolução do complexo de Édipo; na menina, a correlação entre o complexo de Édipo e a castração tem um sentido inverso, ou seja, ao invés de a constatação da castração promover o recalque do Édipo, ela abre caminho para a entrada da menina na situação edípica. Essas articulações resultam da consideração da fase pré-edípica da menina, em que a descoberta da castração materna possibilitará a dissolução do vínculo primordial com a mãe fálica e a transição do investimento libidinal para o pai, permitindo o estabelecimento do triângulo edípico.

Freud (1933 [1932]) afirma que a feminilidade seria da ordem de uma substituição simbólica que faria equivaler o filho ao pênis. Assim, a feminilidade só se instalaria através do desejo da maternidade. Tal vinculação entre feminilidade e maternidade coloca Freud frente ao impasse da relação do homem com a mulher. Ao estabelecer a inveja do pênis como algo irredutível na análise das mulheres, que estaria por trás das relações femininas com o casamento e a maternidade, ele postula a irredutibilidade da inveja do pênis, denominando-a rochedo da castração.

Ao evidenciar, a partir da constatação da dessimetria entre os sexos, a impossibilidade de complementaridade sexual, Freud dá um passo ético. Estabelece a identificação ao seu sexo como um posicionamento do sujeito frente à diferença apontada pela anatomia, mas considera as relações entre sexos apenas pelo viés do rochedo da castração.

Esse é o ponto em que os impasses da sexuação incidem em sua elaboração teórica, levando-o a enunciar: “Tem-se a impressão de que o amor do homem e o amor da mulher psicologicamente sofrem de uma diferença de fase” (Freud, 1933 [1932], p.133).

Freud se depara com o rochedo da castração justamente porque lhe faltam as ferramentas conceituais que Lacan (1958) retira da lingüística. Ao se deter na relação imaginária entre ter ou não ter o pênis, o que ele não consegue apreender é que o falo, como significante, encontra-se ausente tanto no homem como na mulher.

Ao atribuir ao falo uma função significante, Lacan (1958) reestrutura a descoberta freudiana apresentada em “Algumas conseqüências psíquicas da diferença anatômica entre os sexos” (Freud, 1925). É como significante que o falo aparece como diferença. Quando Freud nos diz que não se trata da descoberta de dois sexos, mas do desvelamento da antítese entre presença e ausência do falo, é a função significante do falo que está em questão. Assim, quanto ao complexo de castração, não está em jogo ter ou não ter o pênis. A castração é constitutiva da entrada do sujeito na linguagem, isto é, o falo, como significante, evidencia que homens e mulheres são castrados.

Lacan (1956-57) retoma os questionamentos de Freud interrogando a função fálica. Ao definir o falo como o significante fundamental – pelo qual o desejo do sujeito tem que se fazer reconhecer, quer se trate do homem, quer se trate da mulher − esclarece que o desejo tem no sujeito uma referência fálica. É da correlação entre o desejo e o falo que Lacan parte na tentativa de elucidar a maneira pela qual o sujeito se relaciona com a diferença entre os sexos.

A divisão do complexo de Édipo em três tempos tem como propósito esclarecer de que maneira a referência fálica se organiza para o sujeito (Lacan, 1956-57). Para Lacan (1957-58), é em torno da relação entre o falo e o desejo que a situação edipiana se constitui. O desejo é definido como desejo do desejo do Outro. A operação de seu reconhecimento se dá através da constatação de que algo falta ao Outro. Assim, ao constatar essa falta no Outro e, portanto, reconhecer sua castração, o sujeito reconhece o falo como objeto do desejo do Outro.

Como o primeiro Outro da criança é a mãe, a castração é inicialmente reconhecida como castração materna. O falo se constitui, inicialmente, como o significante da falta materna. Essa etapa é comum aos dois sexos e se constitui como o primeiro tempo do Édipo.

Ao constatar a castração materna e, com isso, identificar o falo como o que a mãe deseja, a criança procura colocar-se na posição imaginária de falo, na tentativa de se fazer objeto do desejo da mãe. Porém, o pai – que já está inserido como uma presença velada no discurso da mãe – posiciona-se contrariamente a essa demanda.
Instaura-se, então, o segundo tempo do Édipo, no qual o pai intervém no circuito como privador da mãe, isto é, posicionando-se contrariamente à demanda materna de fazer o filho equivaler ao falo que lhe falta. Nesse momento, já é possível perceber uma primeira diferença entre Freud e Lacan no que diz respeito à equivalência entre feminilidade e maternidade.

Ao interditar a mãe em seu gesto de fazer do filho o equivalente do falo, o pai também impede o filho de se identificar imaginariamente àquele. Assim, se o desejo do sujeito é simbolizado com o auxílio do falo – como desejo do desejo do Outro – sua identificação imaginária com o falo é vetada pelo pai. Contudo, ao operar tal interdição, o pai surge como potente; como aquele que tem o falo que falta à mãe e por cujo intermédio o filho também pode vir a tê-lo. O sujeito passa, então, do desejo de ser o falo para o desejo de ter o falo. Trata-se do terceiro tempo do Édipo.

O complexo de Édipo estaria, portanto, referido à norma fálica. Contudo, a relação que meninos e meninas têm com a descoberta da castração materna não é simétrica, isto é, a primazia da lógica fálica implica a divisão entre os que possuem o falo – os meninos – e os que não o possuem e, por isso, são castrados – as meninas.
Nesse ponto, as dificuldades introduzidas pela fase fálica na identificação sexual das mulheres tornam-se evidentes. Ao tentar dar conta da identificação feminina ao seu sexo a partir da norma fálica, Lacan privilegia, tal como Freud, o complexo de masculinidade.

Ao colocar em primeiro plano a distinção entre as vertentes imaginária e simbólica do falo, Lacan (1957-58) ressalta a transição da identificação com a mãe fálica primordial para uma identificação com o pai. A mudança no estatuto do falo seria, portanto, ponto privilegiado da identificação da menina com o pai, o que não constitui uma identificação ao seu sexo.

Nesse momento, Lacan chega ao mesmo impasse que Freud em sua constatação da dessimetria entre os sexos. Toda a sua teorização acerca das insígnias do ideal harmoniza-se muito bem à maneira masculina de se posicionar simbolicamente no Édipo; diz respeito aos efeitos da ameaça de castração no recalque dos desejos edipianos e na formação do ideal do eu. Porém, não é possível uma transposição para o modo feminino de identificação ao seu sexo. Ao privilegiarmos a organização fálica, uma parte essencial da constituição da posição feminina permanece enigmática, uma vez que o falo não dá conta do recalque do Édipo na mulher nem da internalização de um ideal do eu.

Essa questão é retomada por Lacan (1962-63) em suas considerações sobre a diferença entre a angústia de castração e a ameaça de castração. Ao considerar o falo pelo viés de sua incidência corporal − problematizando, novamente, a incidência psíquica da diferença entre os sexos − Lacan (1962-63) assinala que o falo aparece, na fase fálica, do lado do negativo, isto é, na fase fálica, o falo se constitui por sua ausência.
Essa mudança de perspectiva na análise da função fálica promove uma torção na idéia freudiana de que o rochedo da castração seria um ponto ineliminável na análise de homens e mulheres.

A consideração da castração pelo viés da angústia promove uma rearticulação da relação do desejo com o falo, uma inversão da relação entre os sexos no que se refere à ausência do falo. A ausência do falo deixa de ser uma questão primária para a mulher − perspectiva em jogo na idéia de rochedo da castração − e passa a ser uma questão para o homem, que experimenta na detumescência a negativização do falo.

Lacan (1962-63) assinala que a relação entre o feminino e o falo se coordena ao consentimento da mulher em se fazer semblante de objeto a para o fantasma do parceiro, ou seja, a fórmula do fantasma não vale para homens e mulheres da mesma maneira.

Ao privilegiar a vertente da angústia de castração e ao associá-la à negativização do falo na detumescência, Lacan (1962-63) parte da idéia de que haveria um vínculo entre a maturação do objeto a e a puberdade – uma vez que o complexo de Édipo tenha sido ressignificado, poderá o sujeito, realmente, sustentar uma posição sexual.

Freud (1905) já defendia essa posição ao propor que haveria dois tempos na constituição da escolha objetal do sujeito, ou seja, haveria, na adolescência, um retorno e uma ressignificação dos vínculos objetais infantis. Nessa perspectiva, a puberdade seria o momento em que se consolidaria a posição sexual do sujeito.

A crítica de Lacan à elaboração freudiana sobre o rochedo da castração está embasada na idéia de que o falo se apresenta na conjunção sexual por seu negativo, ou seja, o falo funciona como mediador em toda parte, exceto na fase fálica.

É pela incidência da angústia de castração − caracterizada pela negativização do falo na detumescência − que o desejo se funda para o homem como falta. A fantasia aparece, portanto, como o modo privilegiado pelo qual o desejo do sujeito se faz reconhecer na escolha de uma parceira sexual. Por intermédio da fantasia, o homem procura na mulher o falo que lhe falta. Assim, podemos perceber que a fantasia está totalmente referida à norma fálica, ou seja, ela se caracteriza por ser o modo masculino de fazer suplência à relação sexual que não existe.

A menina utiliza a fantasia para se fazer objeto do desejo de um homem. A mulher, ao fazer uso da fantasia, se vê implicada na função do falo: se o falo é o próprio signo do que é desejado, ela se faz desejar colocando-se no lugar de falo. Porém, na identificação com o falo, há uma consumição da mulher como sujeito, pois ela se faz desejar por meio daquilo que ela não é. Assim, a correlação entre fantasia e falo não resolve a questão feminina, já que se fazer objeto do desejo masculino apenas mascara a dimensão negativa do falo na relação entre os sexos.

Assim, no caso dos homens, a relação entre o gozo sexual e a detumescência do órgão aponta para a colocação do instrumento fora de combate, e vincula a falta do objeto ao desejo.

No caso da mulher − uma vez que ela não passa pela experiência da detumescência, e, por conseguinte, não tem um acesso direto à negativização do falo − o vínculo da falta do objeto com o desejo não se constitui como um nó necessário. Porém, isso não quer dizer que a mulher não tenha relação com o desejo do Outro. Ao contrário, é por intermédio do desejo do Outro que ela poderá ter acesso ao objeto fálico. Assim, para a mulher, a questão da falta apontada pelo falo é reeditada na puberdade por uma via secundária, isto é, na relação dela com o desejo do homem.

Lacan (1962-63) pontua o desejo tem sempre uma referência fálica, razão pela qual aponta sempre para uma falta. Contudo, a relação que homens e mulheres estabelecem com a falta apontada pelo falo não é da mesma ordem. Para o homem, o desejo figura como um modo de articular a falta do falo a um objeto. Com isso, haveria uma relação direta entre a presença do objeto e a articulação do desejo. Já para a mulher, a relação com a falta apontada pelo falo se daria a partir do encontro com o desejo do Outro. Somente a partir do desejo do Outro poderia a mulher encontrar um objeto conveniente para articular o seu desejo.

Em relação ao gozo, Lacan (1962-63) afirma que as mulheres teriam um acesso mais direto. O gozo feminino seria superior ao dos homens, uma vez que seu laço com o desejo não constitui um nó necessário.

Para Lacan (1962-63), o homem só tem acesso ao gozo a partir do objeto como condição do desejo. Dessa maneira, o (-φ) circunscreve para o homem tanto sua relação com o desejo quanto sua relação com o gozo.

Do lado masculino, o gozo se caracteriza por ser inscritível, localizável, isto é, por estar em relação com o falo. O gozo do homem se circunscreve a partir da inscrição, no corpo, do significante fálico. O acesso ao gozo se articula com a falta apontada pelo falo – graças à convergência entre orgasmo e detumescência, o gozo masculino é limitado pelo falo.

É a linguagem que insere o registro do gozo como sexual. Lacan diferencia, a partir de seu seminário Mais, ainda (Lacan, 1972-73), o gozo sexual do Outro gozo. O gozo sexual seria uma limitação do gozo, uma vez que ele depende do significante.

Do lado feminino, a linguagem, embora permita a inscrição significante do corpo, não dá conta da sexualidade da mulher. O gozo fálico não faz limite ao gozo feminino, uma vez que falta um significante que especifique ‘A mulher’. Assim, o gozo feminino tem algo a mais que não se inscreve em termos significantes, comporta um indizível.

Segundo André (1987), a análise lacaniana da posição feminina na sexuação implica mais do que a castração, apontando para a divisão da mulher perante o sexual. Essa divisão se caracteriza pela dupla direção na qual a mulher localiza seu desejo: frente à castração, a mulher se dirige tanto para o falo − (φ) − quanto para S (), o significante da falta no Outro.

Na mulher, o desejo implica a castração do homem, isto é, seu desejo se pauta na falta colocada do lado do Outro. É a castração, introduzida pela linguagem, que permite ao homem direcionar seu desejo para uma mulher. Vendo-se dividido (), o homem eleva a mulher à condição de objeto (a) causa do desejo. É desse lugar de objeto que a mulher pode ter acesso ao que é da ordem do desejo, uma vez que é por essa via que a castração se coloca para ela.

A posição feminina é paradoxal, uma vez que, inscrevendo-se na sexuação a partir da significação fálica, esta não diz dela como um todo. Lacan chama-nos à atenção para essa peculiaridade: “Não é porque ela é não-toda na função fálica que ela deixe de estar nela de todo. Ela não está lá não de todo. Ela está lá à toda. Mas há algo a mais” (Lacan, 1972-73, p. 100).

Assim, a mulher está totalmente referida à lógica fálica, mas esta não dá conta de sua inscrição sexual como um todo. É por esse motivo que a mulher se divide perante a castração do Outro. Ao se perceber castrada, ela se volta para aquele que teria o falo e poderia dá-lo. Apreende, contudo, que ser mulher não se esgota em não ter o falo. Trata-se, aqui, da ausência de uma inscrição significante que a situe.

Ao propor que a mulher teria um acesso mais direto ao gozo, Lacan (1962-63) aponta justamente para o fato de que a articulação significante não circunscreve o gozo feminino como gozo fálico.

Do lado feminino, o gozo se caracteriza por ter relação com o Outro como tal. Esse Outro gozo se constitui a partir da incidência do significante, mas não se limita a ele. O Outro gozo da mulher se constitui como um gozo suplementar ao gozo fálico.

Para a mulher, só é possível ter acesso ao Outro gozo a partir da inscrição significante. O significante se constitui, então, como seu próprio limite, isto é, a própria articulação significante aponta para o impossível de ser articulado. É nesse registro que o Outro gozo se constitui como inapreensível pela linguagem.

Assim, o que é da ordem do gozo se divide entre um além e um aquém da linguagem. Porém, essas duas posições só podem ser concebidas a partir da função primordial da castração: de um lado, a castração funda o gozo mítico anterior à linguagem e instaura a exceção fálica – lógica masculina da sexuação; de outro, a articulação significante permite desvelar um gozo que não cabe na significação fálica − posição feminina na sexuação.

 

Nota

1. Este texto é parte da dissertação de mestrado A dimensão ética da diferença sexual, defendida em 2008 no Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação da Profa. Dra. Tania Coelho dos Santos e com o financiamento da CAPPES.

2. A expressão “outro sexo” indica o encontro com o parceiro sexual. Já a expressão ‘Outro sexo’ será utilizada para designar a diferença em termos simbólicos, ou seja, quando estiver em jogo a relação do sujeito com o Outro constitutivo da entrada na linguagem. É o que já nos advertia Lacan: “O Outro, na minha linguagem, só poderia ser, portanto, o Outro sexo” (Lacan, 1972-73, p. 54).

 

Referências bibliográficas:

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_________. (1925) Algumas conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos, v. XIX.

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Texto recebido em: 18/04/2009
Aprovado em: 19/06/2009